Como é feita a produção de ampolas e frascos para vacinas no Brasil, já que as seringas não são fabricadas aqui?
Tanto ampolas como frascos são produzidos a partir de tubos de vidro, produzidos também no Brasil, sendo conformados a quente em máquinas rotativas. Esse processo de conversão em embalagem final é feito de acordo com suas especificações dimensionais e deve garantir que as características física e química do vidro, fundamentais para manter a estabilidade do medicamento, sejam mantidas durante todo o processo de transformação, dando assim garantia durante todo a tempo de armazenamento do medicamento. O tubo de vidro marca FIOLAX® da SCHOTT, é de borossilicato, sendo considerado neutro, da 1ª classe hidrolítica, produzido dentro de todos os padrões exigidos desde 1911, quando foi inventado pelos fundadores do grupo SCHOTT.
Qual é a diferença de vidro de ampolas, frascos e seringas, para um vidro usado no dia-a-dia?
As vacinas, como toda solução injetável, devem ser envasadas em embalagem de vidro Tipo I, da 1° classe hidrolítica, especialmente desenvolvido para essa finalidade. Ele é fundamental para manter as características ou princípio ativo dos medicamentos. O vidro de outras embalagens é considerado do tipo III, com composição química diferente, portanto sem o mesmo nível de neutralidade.
Qual é a importância do vidro para o armazenamento de medicamentos e porque ele é único material indicado para isso?
Os medicamentos injetáveis líquidos, devido ao contato direto com a parede interna das embalagens, estão dentro das chamadas “Embalagens primárias”. Esta grande interação com a embalagem pode gerar reações adversas ao medicamento alterando sua eficácia. Só o vidro tipo I da 1ª classe hidrolítica é capaz de garantir a estabilidade do medicamento durante sua fase de armazenamento até seu uso final, pois é totalmente inerte, não altera o princípio ativo das medicações.
Quais foram os maiores desafios ao longo desse ano de pandemia e com a produção em massa das vacinas?
Inicialmente, sem dúvida, foi a falta de capacidade de suprimento dessas embalagens devido ao mercado de embalagens de vidro tipo I já estar aquecido mundialmente por causa das novas regulamentações da China.
Devemos considerar que do dia para noite surgiu a necessidade de planejar a vacinação de cerca de 7 bilhões de pessoas no mundo e 210 milhões no Brasil. Além disso, não se sabia que tipo de embalagem seria utilizada e quantas doses seriam necessárias por pessoa.
Logicamente para o Brasil tudo isso chegou somente após estas definições, o que prejudicou ainda mais qualquer planejamento. Devemos adicionar a tudo isso o fato de que os fabricantes de vacinas no Brasil são institutos governamentais que dependem de um processo de licitação, sempre buscando celeridade e preço baixo.
Para o ano de 2021 conseguimos atender essa demanda adicional e estamos tentando prever a demanda para os próximos anos. No entanto, se esses institutos que produzem as vacinas não planejarem suas compras, correrão o risco de desabastecimento.